Enquanto eu esperava Shane Bettenhausen, da UTV Ignition Entertainment, chegar ao nosso escritório da SCEA numa manhã dessas, aproveitei para jogar a demo de El Shaddai: Ascension of the Metatron, disponível na PlayStation Store americana. Todo mundo que passava pela sala perguntava “Mas o que é isso?”. Com suas cores vibrantes, animação suave e uma tela limpa (sem HUD!), El Shaddai chama mesmo a atenção.
O visual do jogo é marcante, e a premissa, incomum na mesma medida. “Esta é uma releitura de O Livro de Enoque, parte dos Manuscritos do Mar Morto, disse Shane Bettenhausen. “Mas não é uma leitura literal – nos permitimos algumas liberdades.”
Liberdades como telefones celulares, jeans estilosos e uma fase de corrida que poderia muito bem estar em TRON ou em um Final Fantasy. Apesar da vertente bíblica, eu não consideraria El Shaddai uma experiência religiosa – não mais do que Bayonetta é um tratado sobre bruxaria, por exemplo. Em vez disso, a matéria-prima oferece uma história interessante e guia alguns dos elementos de jogabilidade.
“Enoch, como o personagem bíblico, é imortal”, Bettenhausen afirma. “Ele não pode morrer. Então, quando você morre no jogo, sempre tem uma chance de voltar à vida. Se você aperta os quatro botões de ação rápido o bastante, você volta a viver. Mas a cada vez que faz isso, fica mais difícil voltar, como em Mike Tyson’s Punch Out!!”
“Quando você começa, o jogo basicamente é uma aventura com ação em 3D, e então começa a mudar para um estilo plataforma 2D”, continua Bettenhausen. “Esta fase é muito simpática, baseada nos personagens chamados Nephilim – a prole caída entre humanos e anjos. É por causa deles que o mundo precisar ser consertado, caso contrário esses Nephilim vão conquistar o mundo.
Muitos leitores do PlayStation.Blog elogiaram o estilo artístico de El Shaddai e perguntaram sobre suas influências. E não é de se admirar que o diretor Takeyasu Sawaki tenha sido o diretor de arte de jogos visualmente arrebatadores como Devil May Cry e Okami.
“Enoch tem a tarefa de caçar sete anjos renegados”, elabora Bettenhausen. “Cada um deles construiu sua própria utopia dentro da Torre de Babel. Como esse tema nos livra da necessidade de fazer sentido, nos vimos livres das restrições normais do design gráfico. Um dos princípios de design de Sawaki é que ‘o mundo à sua volta deve em constante mudança’. Por isso você vê diferentes estilos artísticos, diferentes tipos de jogabilidade, e você nunca sabe o que está por vir.”
Entre esses diferentes estilos demonstrados estavam plataforma, quebra-cabeça, estilo de combate parecido com Devil May Cry e a já mencionada fase de corrida, tudo renderizado em uma grande variedade de estilos. “Sawaki teve diversas fontes de inspiração”, diz Bettenhausen. “Com este jogo, acho que ele criou uma nova estética, pois há muita variedade nas fases, e alguns dos visuais insanos próximos ao final do jogo não se parecem com nada que eu tenha visto. Com certeza, as cores são muito importantes – tenho a impressão de que os jogos atuais carecem de mais cor. A animação foi crucial também, e manter o jogo rodando a 60 quadros por segundo é algo importante para os combates – para se esquivar com precisão, uma queda de velocidade não pode atrapalhar.”
Performance não será problema em El Shaddai para PlayStation 3. “O jogo roda a 60 fps constantes no PS3”, explica Bettenhausen, “e os controles parecem melhores. Eu sempre digo às pessoas que, ‘de longe, a melhor versão é a do PS3’. É um jogo japonês, e no Japão o PlayStation é muito mais relevante que o Xbox. Foram vendidas 10 vezes mais cópias no PS3”.
Outro detalhe: El Shaddai permite que você escolha entre a dublagem original japonesa e as vozes em inglês. Bettenhausen acrescenta: “Nós queríamos muito manter as vozes japonesas, pois no Japão os dubladores são famosos pelos animes. Ainda assim, a dublagem em inglês foi a melhor que já fizemos, e Lucifel, o personagem que tem mais falas, foi dublado por Jason Isaacs, de Harry Potter”.
Recentemente foi noticiado que o estúdio de desenvolvimento interno da Ignition foi fechado, mas, de acordo com Bettenhausen, isso não afeta o lançamento de El Shaddai nos EUA, marcado para dia 26 de julho. “O time de desenvolvimento encerrou a produção no fim de março. Sawaki tem sua própria empresa, então ele sempre foi terceirizado. Nós queremos investir na marca El Shaddai futuramente, e eu gostaria muito de trabalhar com todos os caras do jogo original. Mas, por enquanto, não há nenhum novo anúncio sobre El Shaddai. Mas realmente adoraríamos trazer todos os personagens de volta um dia”.
A versão final do jogo estará disponível nos EUA em breve. Se você tiver a oportunidade de experimentar o visual marcante e a jogabilidade de El Shaddai, diga o que achou nos comentários!
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