Como Final Fantasy XVI respeita o passado da série e abraça o futuro

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Como Final Fantasy XVI respeita o passado da série e abraça o futuro

Como os desenvolvedores de FFXVI se basearam nas evoluções anteriores da série.

Desenvolver um novo Final Fantasy numerado é um ato de equilíbrio. Jogadores têm expectativas sobre o que encontrarão, mas também desejam elementos que mudem e se baseiem nas tradições consagradas da série. Mas mesmo essas precisam começar de algum lugar: vários elementos hoje associados com Final Fantasy no geral, Chocobos, Moogles, invocações, classes e habilidades amadas, já foram, em algum momento, inéditas à série. Encontrar um equilíbrio delicado entre tradição e inovação é sempre um desafio, em especial com Final Fantasy XVI, o primeiro jogo numerado da longa série que abandona totalmente as batalhas com menus em prol de combate em tempo real. 

De Batalha de Tempo Ativo à batalha em tempo real

Elementos de gameplay de ação se desenvolveram em Final Fantasy com o tempo, começando com a implementação do sistema de Batalha de Tempo Ativo em Final Fantasy IV. Ele aumentava a pressão sobre os jogadores, obrigando-os a reagir rápido e pensar na ordem em que inimigos e aliados poderiam atacar. Hesitar em decisões cruciais podia custar caro, já que os inimigos continuavam atacando, mesmo que você demorasse a escolher os comandos. (Se quiser dar uma olhada na origem da Batalha de Tempo Ativo, você pode jogar os Pixel Remasters de Final Fantasy IV-VI, disponíveis agora no PlayStation.)

Final Fantasy IV (esquerda) e Final Fantasy XII (direita)

O sistema de Batalha de Tempo Ativo serviria como a base mecânica da maioria do jogos de Final Fantasy numerados a partir de então, com o combate de campo aberto focado em posicionamento de Final Fantasy XII e as batalhas dinâmicas, rápidas e com foco em troca de papéis da saga Final Fantasy XIII incrementando muitos dos conceitos que o BTA solidificou. Final Fantasy XV moveu vários dos comandos típicos de menu para botões do controle, levando o combate a uma direção bem focada na ação. 

Final Fantasy XV (esquerda) e Final Fantasy VII Remake (direita) 

Mesmo com essa evolução gradual, muitos jogos de Final Fantasy modernos, como por exemplo a série Final Fantasy VII Remake, ainda usam algum tipo de gameplay híbrido de ação e menu. FFXVI ser um RPG de ação puro surpreendeu muitos fãs fiéis, que se perguntaram como isso poderia mexer na “essência” de Final Fantasy. Para falar de como FFXVI foi desenvolvido para evoluir a franquia sem deixar de satisfazer os fãs, nós nos sentamos com o produtor Naoki Yoshida e o diretor Hiroshi Takai para nos aprofundar nos processos deles. 

Ação e drama dão ótimas histórias

O amor de Yoshida por Final Fantasy surgiu bem no começo da série. “Final Fantasy I foi uma experiência de videogame muito importante para mim”, explica ele. “Comprei no dia do lançamento, e lembro de como eu fiquei confuso quando liguei o jogo e não havia tela inicial. Então você sai da cidade e atravessa a ponte, e é aí que vem o logotipo de Final Fantasy! Eu fiquei muito chocado que um jogo pudesse parecer tão cinematográfico e foi isso que eu quis recapturar com o novo título — a sensação de que você está no papel principal de um filme épico.” 

“Então, sim, eu cresci com muitos RPGs de turno, e eles ainda têm um lugar especial no meu coração”, diz. 

“Decidimos pelo combate em tempo real com FFXVI por duas razões principais. A primeira é simplesmente que a maioria dos membros da nossa equipe de desenvolvimento é de jogadores e, recentemente, a maioria de nós curte mais jogos de ação. O combate intenso nesses jogos, que nos faz agarrar o controle com força ao jogar, nos leva a querer passar muitas horas neles. A outra razão é que, no mercado de hoje, optar por um sistema de combate de ação que qualquer um pode entender de maneira fácil e rápida é o melhor jeito possível de atrair um público maior.

“Entrelaçando a ação em tempo real com uma história fantástica, acreditamos que poderíamos criar um jogo que ainda fosse Final Fantasy em essência. E, claro, quando dizemos que queremos atrair um público maior do melhor jeito possível , isso inclui fãs dedicados de jogos de turno e aqueles que não são os melhores em jogos de ação, também. Colocamos sistemas para que todo mundo, com qualquer nível de habilidade, possa curtir o título tanto quanto um veterano de jogos de ação — talvez até mais.”

A Alma de Final Fantasy

Yoshida, um produtor veterano que encabeçou o universalmente aclamado relançamento de Final Fantasy XIV, também reconhece as expectativas que vêm com o nome Final Fantasy. “Mudar tudo porque sim é a opção fácil”, diz ele. “Para mim, os principais elementos de um jogo de FF são: a apresentação cinematográfica, a história arrebatadora e o sistema de batalha que junta tudo isso — além claro, dos gráficos avançados e músicas emocionantes. A combinação de todas essas coisas, além do fato de que o mundo, história e personagens mudam a cada título, faz com que pareça uma série que está sempre quebrando limites. Como Hironobu Sakaguchi, o pai da série, disse uma vez, ‘Final Fantasy é o que o diretor atual pensa que é melhor fazer’.” 

Como Final Fantasy XVI respeita o passado da série e abraça o futuro

“FFXVI não é exceção — a equipe inteira trabalhou junta para fazer o melhor jogo possível. O desafio que nós fizemos foi mudar as coisas e, ao mesmo tempo, deixar o jogo facilmente reconhecível como um Final Fantasy. Por exemplo, a clássica ambientação de alta fantasia foi inspirada pelo bom e velho FFI. Quando você joga FFXVI, tem um monte de toques e referências daquele jogo.” 

O diretor Hiroshi Takai nos apresenta sua perspectiva. “Uma das coisas que se destacam na franquia é que cada um dos jogos na série principal traz consigo um novo mundo, história e experiência de gameplay. São os elementos compartilhados que os unem — as invocações, as magias, os Chocobos e os Moogles — além das coisas que sempre mudam a cada título, como o sistema de batalha — que são o diferencial dos Final Fantasy. Talvez a razão pela qual os jogadores acompanharam a série por tanto tempo é porque sempre seguimos a visão que Yoshida mencionou — tentar sempre fazer o melhor jogo que podemos naquele momento particular.”

“Eu também joguei todos os títulos da franquia e estive envolvido no desenvolvimento de alguns deles”, prossegue Takai. “Então, lógico, me inspirei muito em jogos anteriores, até mesmo num nível subconsciente. Por exemplo, amei o sistema de habilidades personalizáveis de FFV — aquela ideia foi a base do novo sistema de batalha de FFXVI.”

Talvez o elemento de Final Fantasy mais reconhecível em FFXVI seja os Eikons — monstros invocados conhecidos por muitos nomes, como “Eidolons”, “Espers”, “Guardian Forces” e outros pela série. Takai explicou o papel deles em FFXVI. 

“As invocações clássicas têm papel principal tanto na história quanto no sistema de batalha”, diz ele. “Apesar de termos optado por um sistema de batalha de ação nesse jogo, tudo gira em torno das invocações que dão ao jogo o sabor clássico de Final Fantasy.”

Como Final Fantasy XVI respeita o passado da série e abraça o futuro

Um sucessor à altura

Mesmo com toda a paixão e esforço postos no jogo, a equipe reconhece que alguns jogadores podem não ver Final Fantasy do mesmo jeito que eles. “Todo fã de FF ao redor do mundo tem uma ideia diferente do que compõe um jogo de FF perfeito”, repara Yoshida. “Como fã também, tenho certeza que minha própria ideia é diferente da de todo mundo. Então, apesar de sabermos que é impossível satisfazer as expectativas da base de fãs inteira, Takai, [Kazutoyo] Maehiro e toda a equipe de desenvolvimento decidiram por fazer o jogo do jeito que nós queríamos, ao mesmo tempo em que ficávamos de olho nas expectativas dos fãs. Acho que é importante tentar sempre permanecer objetivo sobre o próprio trabalho, mesmo que seja só por paz de espírito.”

Takai está otimista que os fãs vão encontrar muitas coisas para curtir em FFXVI na data de lançamento. “Espero que a história de Clive e as esperanças e sonhos de todo o povo de Valisthea, cujos caminhos ele atravessa, fiquem com os jogadores. As decisões que Clive e seus amigos tomam são vistas e julgadas de maneira diferente por diferentes pessoas do reino, e eu acho que há um paralelo com o mundo real hoje, no qual todos têm um ponto de vista diferente. FFXVI é um jogo que lida com suas questões de peito aberto na história e na apresentação. Eu espero que, quando as pessoas olharem para trás, para o seu papel na série, ele seja lembrado exatamente por isso.”

Final Fantasy XVI chegou hoje, exclusivamente para PS5.

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