
O diretor Kazutoyo Maehiro conta mais detalhes sobre desenvolver um clássico… duas vezes.
Foi uma sensação de incredulidade e empolgação geral quando Final Fantasy Tactics – The Ivalice Chronicles foi anunciado, durante um já excelente State of Play, em junho de 2025.

Não, não foi só um sonho fantástico. A Square Enix realmente agraciou nossas telas com uma linda versão atualizada do clássico RPG de estratégia para PlayStation de 1997. E o melhor é que parte da equipe original está trabalhando no remake.
“Final Fantasy Tactics foi o que me inspirou a dedicar a vida a virar designer de jogos”, revela Kazutoyo Maehiro, que era organizador de eventos para o jogo original e, agora, diretor de The Ivalice Chronicles. “Mesmo hoje, continua sendo um alicerce emocional para mim. Ele ocupa um lugar muito especial no meu coração.”
Outros membros da equipe de desenvolvimento, como Yasumi Matsuno (roteirista original, escritor de cenários e editor), também faziam parte da equipe do jogo original para PlayStation, ou seja, o remake está certamente em boas mãos. Quem começar a jogar agora terá a oportunidade de conhecer uma história rica e envolvente sobre um conflito em uma terra conturbada, com diálogos e dublagem atualizados e novos recursos, incluindo uma interface de usuário simplificada e otimizada.

Reconstruindo Ivalice
Alguns anos atrás, Maehiro voltou ao original, e a experiência de jogar de novo reviveu sua admiração pelo jogo. “Mesmo comparado a jogos modernos, ele continua igualmente impressionante, com seu excelente design e sua narrativa profunda.” Mas, com isso, veio também a compreensão de que o jogo tinha se tornado inacessível nas plataformas modernas no cenário dos consoles atuais. “Eu senti muita vontade de reviver esse jogo incrível para que novos jogadores da geração atual pudessem ter a experiência. Foi isso que iniciou o desenvolvimento deste jogo.”
Não foi um processo livre de desafios. Os puristas têm a opção de jogar a versão clássica, que recria o original com a maior fidelidade possível. Mas elaborar tanto a nova versão clássica quanto a aprimorada trouxe desafios, pois os dados principais e o código-fonte originais não existem mais. “Essa simplesmente era o padrão na época”, explica Maehiro. “Não tínhamos as ferramentas eficazes de gestão de recursos disponíveis hoje, e desenvolvíamos jogos basicamente sobrescrevendo o código anterior a cada vez correção de erro ou adição de novo idioma.”
“A melhor forma de garantir que o jogo atenderia aos padrões de jogabilidade modernos sem perder a fidelidade ao original era reconstruí-lo.” — Kazutoyo Maehiro, diretor, The Ivalice Chronicles
“Já que a versão clássica tinha o intuito de recriar o jogo original, tínhamos a opção de implementar um emulador”, ele continua. “No entanto, esse método não teria permitido reajustes granulares, mesmo com o objetivo de recriar o original. Depois dessa análise, concluímos que a melhor forma de garantir que o jogo atenderia aos padrões de jogabilidade modernos sem perder a fidelidade ao original era reconstruí-lo.”
Essa reconstrução do original produziu a versão clássica que, posteriormente, foi atualizada e tornou-se a versão aprimorada. Todo o trabalho compensou, dando à equipe uma base sólida para sustentar todas as melhorias e alterações e permitindo ajustes granulares de qualidade de vida, como a função de salvamento automático, e a inclusão de elementos que precisaram ser descartados do original por limitações de tempo.
“Uma das coisas que precisamos cortar da primeira vez foram os diálogos entre personagens”, revela Maehiro. “Isso foi decepcionante para mim e para Matsuno, que trabalhou nas inclusões e melhorias do roteiro de The Ivalice Chronicles. Por isso, desta vez, adicionamos diálogos às inclusões e melhorias na história.
“Mesmo que o design do jogo seja excelente, as pessoas não vão gostar se os controles não forem ótimos.” — Kazutoyo Maehiro, diretor, The Ivalice Chronicles
“Por exemplo: no jogo original, certos personagens raramente falavam depois que eram recrutados. No remake, adicionamos conversas que acontecem durante as batalhas. Quando entram em batalhas específicas, personagens como Agrias, Cid e Mustadio têm um número bem maior de falas. Alguns desses diálogos são mais que trocas entre personagens; também complementam a narrativa ou desenvolvem o foco da história, como os motivos por que o veterano de guerra Marquis Elmdore escolheu seguir aquele caminho.”
A interface também passou por uma análise rígida, e a versão aprimorada ganhou uma reforma gráfica completa. “O objetivo era criar ‘a solução ideal para jogar Final Fantasy Tactics hoje em dia'”, resume Maehiro. “Mesmo que o design do jogo seja excelente, as pessoas não vão gostar se os controles não forem ótimos.”

Dando vozes a Tactics
Embora a história continue sendo um dos maiores pontos fortes da remasterização, é interessante entender por que ela teve uma ênfase tão grande. “Um dos principais motivos por que quisemos ampliar e refinar a história foi o fato de o jogo incluir dublagem”, diz Maehiro. “Se simplesmente adicionássemos as vozes sem fazer ajustes, não soaria natural. Então, ajustamos as falas para ficarem mais fluidas como uma conversa, melhorando muito a imersão, e adicionamos conteúdo que esclarece os pensamentos, as metas e as histórias dos personagens.
“Quando as vozes dos personagens soou na tela, senti que os atores tinham realmente dado vida aos personagens com atuações potentes. Talvez eu tenha sentido isso por ter trabalhado no jogo original, mas tenho certeza de que tanto fãs antigos como recém-chegados vão conseguir se identificar com o sentimento.”
Os fãs provavelmente também vão gostar da inclusão do “State of the Realm”, um resumo de alto nível que apresenta as informações e o lore incidental entre as batalhas, semelhante ao recurso já usado em Final Fantasy XVI, também com design de Maehiro.
“Queríamos dar aos jogadores uma maneira de apreciar ainda mais a história, e fizemos isso de forma a permitir visualizar as informações cronologicamente, conforme as ações do protagonista. Então, se você quiser ver o fluxo geral da história, pode fazer isso com o State of the Realm. Agora, se quiser saber ainda mais detalhes, pode fazer isso ouvindo os boatos nas tavernas ou com outros recursos.”
Entre eles estão as “Errands” (tarefas), que revelam problemas menores enfrentados pela população de Ivalice através de minijogos. “Tenho um apego grande [pelas tarefas], pois, quando era novato, tive [no desenvolvimento do jogo original] a responsabilidade de dirigi-las, e me esforcei muito na implementação delas”, explica Maehiro. “Inicialmente, as tarefas eram semelhantes aos boatos, mas achei que não eram bem aproveitadas se fossem só uma mecânica voltada a descobrir informações sobre a história. Então, eu propus tornarmos as tarefas um recurso oferecendo a diversão da progressão de unidades. O resultado foi que conseguimos criar algo que coexiste com a história principal do jogo e deixa os jogadores relaxarem lidando com os pequenos problemas dos habitantes de Ivalice no formato de missões.
“Na versão clássica, as tarefas podem ser jogadas no mesmo formato anterior, e, na versão aprimorada, foram recriadas com artefatos de maior definição, bem como uma interface com visual reformulado para proporcionar uma experiência mais acessível. Esperamos que as pessoas gostem.”

Dicas e truques táticos
Com a adição das estratégias de batalha, uma compilação de dicas estratégicas, achamos interessante consultar a equipe a respeito de dicas para quem ainda não conhece Final Fantasy Tactics – The Ivalice Chronicles. “No começo, recomendo combinar o Arqueiro com as Artes da Guerra do Cavaleiro”, sugere o produtor do jogo, Shoichi Matsuzawa. “Principalmente com Romper Arma. Quebre a arma do oponente de uma altitude maior antes que ele faça contato.
“Se você não domina bem as habilidades de ação de seu sub-personagem, só use o item por enquanto. Só fazer com que aprendam Poção e Phoenix Down já pode permitir que entrem em ação imediatamente.”
“Em geral, é mais fácil ter dois personagens de dano corpo a corpo, como Monges, Ninjas ou Dragoons, dois de dano de longo alcance, como Magos das Trevas ou Arqueiros, e um curandeiro, como um Mago de Luz ou um Químico”, adiciona Maehiro. “Mas provavelmente será melhor fazer cada personagem progredir individualmente em seu caminho, seja causador de dano ou curandeiro, em vez de tentar fazer com que aprendam tudo ao mesmo tempo.
“Minha preferência pessoal é improvisar minhas estratégias na hora, como aumentar ou diminuir parâmetros ou persuadir inimigos a se tornarem aliados usando Speechcraft. Isso requer conhecimento e a capacidade de improvisar, por isso eu incentivo jogadores avançados de RPG tático a experimentarem.”
“Nosso maior motivo de orgulho é o fato de o jogo ainda ser amado por tanta gente, mesmo 28 anos após o lançamento original.” — Kazutoyo Maehiro, diretor, The Ivalice Chronicles
Siga essas dicas valiosas ao pé da letra ou crie seu grupo com suas próprias estratégias. Seja como for, estamos todos empolgados para ver essa obra de arte encontrar um público novo enquanto continua a agradar fãs de longa data. É um sentimento compartilhado pela equipe do jogo. “Nosso maior motivo de orgulho é o fato de o jogo ainda ser amado por tanta gente, mesmo 28 anos após o lançamento original”, diz Maehiro. “É uma enorme realização saber que tive a oportunidade de me envolver tanto com a versão original desse jogo tão amado quanto com esta nova apresentação.”
“Final Fantasy Tactics incorpora muitos elementos clássicos da série Final Fantasy, como Profissões e Invocações, mas também é uma história completa e independente”, continua Matsuzawa. “É um ótimo jogo para iniciantes na série Final Fantasy. Espero que vocês experimentem.
“Alguns podem ter evitado o jogo por ser um RPG tático, mas a versão aprimorada permite ajustar o nível de dificuldade do jogo e torná-lo mais acessível. Esperamos que vocês aproveitem essa chance de conhecer o complexo mundo de Ivalice.”
Não falta muito para os nossos sonhos se realizarem: Final Fantasy Tactics – The Ivalice Chronicles será lançado para PS5 e PS4 em 30 de setembro.
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