De jogabilidade cinética a encontros surreais, a intriga se esconde em todos os cantos.
Control é divertidamente estranho.
Os corredores de escritório que remetem aos anos 50 e 50 cheios de corpos flutuantes. O zelador aparecendo em momentos aleatórios para revelar segredos do universo (ou apenas me emprestar seu Walkman). Os itens perigosos, cheios de poder, protegidos pelo vidro — incluindo mas não limitado à um holofote, uma geladeira e um pato de borracha. O primeiro dia de trabalho de Jesse Faden como diretora do Bureau é uma aventura realmente surreal, com várias bizarrices e jogabilidade cinética que me deixou sorrindo o caminho todo até o Troféu de Platina.
Jesse entra no Bureau com uma missão: encontrar e salvar seu irmão Dylan, que supostamente foi levado por agentes do Bureau após um traumático “Altered World Event” na infância dos dois que expôs Jesse às maravilhas de outra dimensão. Ela também foi conectada à Polaris, uma força de outro mundo que divide pensamentos com Jesse, e que é a fonte dos poderes que levam-na até às portas da Oldest House.
A Remedy construiu um mundo elaborado dentro das paredes mutáveis do Bureau. Da iluminação vermelha e sombria das zonas infestadas pelo Hiss até a arquitetura brutalista e caleidoscópica, todos os ambientes causavam uma ótima impressão. O texto chamativo que ocupava a tela sempre que descobria um novo local era estiloso e me dava arrepios. Os espaços são lotados de conspirações e intrigas e andava devagarzinho em todas as salas dos escritórios, mexia e lia tudo. Adorava encontrar gravações do Dr. Darling, o cada vez mais insano chefe de pesquisa do Bureau, explicando os fenômenos. Ficava morrendo de medo quando assistia mais um episódio do perturbador programa infantil Threshold Kids. A narrativa da jornada de Jesse mostrava os sentimentos de perplexidade que eu como o jogador tinha, ao mesmo tempo que providenciava o fio emocional que prendia ela ao mundo cada vez mais alterado.
E há bastante perplexidade. Control está cheio de segredos, explorações podem dar novas habilidades, conhecimento filosófico e chefes opcionais esquisitos. Para ser honesta, apenas a história principal já é uma aventura que vale, mas são esses cantinhos retorcidos do jogo que fazem de Control uma experiência obrigatória para mim. Encontrar os aparentemente inócuos Objects of Power, apenas para encarar o verdadeiro terror dentro deles é viciante, e me vi priorizando as missões opcionais em uma tentativa de encontrar todos os monstros debaixo da cama. As interações com os Objects of Power correndo soltos pelo mundo variam de hilárias caçadas até puzzles de lógica que parecem sonhos, ou lutas mórbidas até a morte. A Oldest House está pronta para ajudar e atrapalhar Jesse em igual medida, e as surpresas sempre faziam a exploração valer a pena.
Em meio às pesquisas, a luta literal de Jesse pela verdade confere ainda mais estilo ao jogo. O Hiss é um inimigo fascinante, enchendo os corredores de murmúrios assustadores, me fazendo hesitar sempre que virava uma esquina. A variedade de inimigos Hiss só aumenta conforme o jogo avança, fazendo os encontros parecerem sempre novos. Logo quando achei que tinha conseguido uma vantagem, aparecia um inimigo capaz de evitar os meus ataques de arremesso de objetos, ou um guarda Hiss que além de proteção vinha armado com explosivos até os dentes. Mesmo voltando para lugares conhecidos, encontrava tipos novos de inimigos Hiss, me obrigando a mudar de estratégia. A mecânica de Launch que permite que Jesse arremesse objetos e pedaços do ambiente nos inimigos é tão divertida, nada se compara ao prazer de correr pelos escritórios acertando agentes do Hiss com cadeiras ou grampeadores. Achei um ritmo hipnotizante de mudar entre ataques Launch e os vários modos da Service Weapon que me fez sentir como se merecesse o título de Diretora. Meter o nariz em todos os cantos da Oldest House também me ajudou a destravar novas habilidades que melhoram o combate, especialmente no terceiro ato cheio de ação do game.
Desvendar os mistérios de Control foi uma das experiências de jogo mais emocionantes que tive o ano todo. Semanas após conseguir Platinar o jogo, ainda voltava para encontrar mais documentos e brincar com o recém lançado Photo Mode. Control conseguiu me prender, e me perco nos corredores do Bureau com prazer.
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