Enquanto trabalhávamos com o Lost Orbit, nós nos deparamos com duas ideias aparentemente opostas. Nós queríamos criar um universo solitário e implacável que acompanhasse a jornada de um astronauta condenado. Ao mesmo tempo, como designers nós queríamos entreter e recompensar nossos jogadores com boas mecânicas e um incentivo positivo. Queríamos que eles se divertissem.
Tentar conciliar esses dois elementos diferentes do Lost Orbit foi um desafio. Como pode um jogador experimentar o sentimento de desesperança e ao mesmo tempo aproveitar o jogo? A solução foi um senso de humor deturpado e sombrio, no qual a tragédia e a comédia se unem usando o design, a narrativa e os elementos visuais da morte.
Projetando a Morte
É uma linha tênue que separa desafiar um jogador de frustá-lo. No Lost Orbit estava claro que o jogo era mais divertido quando jogado de forma rápida. A habilidade de passar rapidamente pelas fases é viciante e reforçada positivamente pelo upgrade dos equipamentos.
Achamos que ao aumentar as apostas nós fomos capazes de amplificar a sensação de velocidade no jogo. O Harrison é pouco mais que um saco frágil de órgãos. Os jogadores vão descobrir isso rapidinho com uma virada fora de hora ou uma derrapada. É saber que a morte vem instantaneamente que traz a satisfação de navegar com sucesso por uma fase. Você precisa ser perfeito nas suas tentativas e saber o que é um risco faz cada momento muito mais intenso.
A velocidade e os riscos se combinam pra desafiar o seu tempo de reação. Frequentemente, você mal vai ter tempo pra gritar alguma coisa sem o menor sentido antes de pintar um asteroide com as suas tripas, e é aí que entra o senso de humor doentio.
Narrando a Morte
Bons designers querem fazer os jogadores ficarem imersos no mundo que eles criaram, sem entediar ninguém com enormes cutscenes e histórias de fundo. O universo do Lost Orbit junta ambientes bonitos com a desesperança de estar perdido no espaço. Seria fácil do jogo cair num tom monótono e sombrio, mas muito frequentemente os jogos que se levam muito a sério acabam virando piada.
Max Payne, Total Recall (Starship Troopers, Robocop se preferir…), Papa-Léguas e Monty Python dominaram a arte de misturar temas pesados com comédia. Nós ficamos inspirados pra fazer a mesma coisa. No Lost Orbit, ninguém espera que você sobreviva. A anos-luz de distância de tudo, sem equipamento, suporte, comida ou mesmo algum jeito de ir ao banheiro, você está basicamente condenado. Até mesmo o seu parceiro Atley, uma Sonda alienígena, te lembra disso constantemente.
Desesperado pra provar que você é talentoso o suficiente pra passar por isso, você vai insistir. Quando a suculenta e rápida explosão acabar abruptamente com a sua história e com as suas ambições, você não vai conseguir não rir. Isso te traz de volta pra realidade da situação: você mal tinha chance pra começo de conversa.
Ilustrando a Morte
Quando decidimos que o Lost Orbit seria um jogo desafiador com morte instantânea, ficou claro que teríamos que fazer da morte algo divertido ou então arriscaríamos ver um monte de faturas de consertos de controles e TVs HD quebradas.
A inspiração por trás dos efeitos visuais veio de fontes como Uma Noite Alucinante 3, Looney Toons e Comichão e Coçadinha. O Harrison não tem só um esqueleto dentro do seu traje, mas também os órgãos principais, modelados e dotados de física pra que eles possam pular pela tela quando se soltarem. Além disso, ele é cheio de muito sangue que, em um instante, você vai deixar uma marca duradoura em qualquer asteroide que encontre.
Tem dezenas de sequências de morte específicas e customizadas que nós criamos pra tentar manter o ato de perder no jogo o mais novo possível pra que ele seja desafiador sem ficar frustrante. Nos chamamos isso de “Frustrante Bom”. É alguma consolação o fato de que, já que você tem que morrer, pelo menos você pode fazer um belo estrago.
No fim das contas, a fragilidade da sua vida no Lost Orbit não só aumenta o risco e o senso de velocidade no jogo, mas também aumenta o potencial pra uma risada bem sincronizada e às suas custas. É uma maneira estranha de diluir a frustração que um jogo desafiador traz, mas pra nós funciona. Às vezes, mesmo a morte pode ser uma recompensa, se não pra você, pelo menos pras pessoas que vão ficar apontando e rindo.
O Lost Orbit será lançado em breve pro PS4. Esperamos que vocês todos curtam nosso joguinho mórbido.
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