Seja bem-vindo ao fim do mundo.
Há quase três anos, começamos a trabalhar em um game. O plano era pegar a exploração histórica de nosso último game, Dear Esther, e colocá-lo em um ambiente de mundo aberto, para criar um game onde você descobria uma história ao invés de alguém contá-la para você. Queríamos que esta história fosse sobre o fim do mundo, sobre um pequeno vale na Inglaterra e sua gente, sobre o que significa estar vivo.
Poderíamos falar por horas sobre todas as mudanças que o game passou, até se tornar algo que você está prestes a jogar. Começamos com um game de tempo limitado, que durava apenas 60 minutos. Tínhamos enigmas; tínhamos narrativas que se ramificavam. À medida que avançávamos, porém, cada um estes elementos pareciam truques baratos. Os jogadores nos diziam, após os testes, sempre a mesma coisa: que queriam estar em Yaughton Valley descobrindo a história, e tudo o mais os impediam de fazer isso. E, fundamentalmente, Everybody’s Gone to the Rapture é isso – estar no mundo.
Games criam mundos melhor do que qualquer outra coisa. Você não consegue aquela sensação de lugar, de espaço e tempo, de estar lá, em nenhuma outra mídia. É isso que faz construir mundos ser tão incrível. Você pode aproveitar tudo: pixels e formas, ondas de som, notas musicais, palavras e vozes, e muito código, e misturar tudo nesta caixa. Assim, na outra ponta sai este mundo, rico, profundo, impressionante, compliicado e belo, em que você pode mergulhar, caminhar e explorar. É extraordinário, e é algo incrível poder criar e compartilhar.
Uma das coisas mais recompensadoras sobre a resposta a Everybody’s Gone to the Rapture, até agora, é as pessoas voltando para dizer que Yaughton parece um lugar onde cresceram, onde estiveram ou que conheceram. Isso é incrível. Isso significa que fizemos nosso trabalho direito. Se você acreditar em Yaughton, então o game funciona, porque coloca a história em contexto. Juntamente com isso, o modo como as pessoas se engajam com os personagens na história é ótimo, o que mostra que as pessoas se importam, e é isso de que se trata o game.
No ano passado, quando mostramos Rapture pela primeira vez, na E3, dissemos que o game só fracassaria se as pessoas não se importassem. Pelo o que ouvimos, parece que tivemos sucesso.
Assim como com Yaughton, as pessoas estão dizendo que Wendy as lembra de suas avós, ou que têm amigas como Rachel, ou que se apaixonaram por uma Lizzie ou um Rhys, ou se lembram de Jeremy ou de Charlie quando eram crianças. Isso é um elogio aos grandes atores que trabalharam neste game, e também significa que fizemos o que queríamos e criamos uma comunidade plausível de pessoas reais, com quem você realmente se importa.
Temos uma pequena equipe de desenvolvedores incrivelmente talentosos e apaixonados, que colocaram seus corações e suas almas no game, e achamos que vocês podem ver isso claramente no que fizemos. Não é só um game com sons e visuais belos, mas que tem algo realmente especial em sua essência: uma crença verdadeira em fazer algo diferente, em correr riscos.
Várias pessoas já nos disseram algumas vezes, nos últimos dois anos, que criar um game de mundo aberto com uma equipe deste tamanho é loucura. Ouvimos que não há nada de novo em games com história, que serão apenas variações sobre Dear Esther e Gone Home.
Disseram-nos que os jogadores não entenderiam uma história sem linearidade, e que não terão paciência ou compromisso de explorar Yaughton Valley sem orientaões claras ou o incentivo de missões lineares. E sabem de uma coisa? Estas pessoas estão muito erradas.
Everybody’s Gone to the Rapture foi um trabalho de fé, mas acreditamos que esta equipe poderia fazê-lo; acreditamos que sempre haverá modos para pegar um gênero e expandi-lo de formas inéditas e interessantes, e acreditamos que os jogadores são espertos e amam entrar em um mundo para explorá-lo. Agora, acreditamos que esta é a mídia mais empolgante e criativa no planeta neste momento, e estamos muito orgulhosos por ser parte disso.
Acima de tudo, achamos que há uma grande histórria na essência de Everybody’s Gone to the Rapture e isso é algo que queremos compartilhar. A arte é incrível, as vozes são fantásticas, a trilha sonora é simplesmente surpreendente e tudo se junta para compor algo que esperamos ser exclusivo e muito especial.
Nós genuinamente esperamos que amem o game. Obrigado por jogar.
Dan & Jess
Studio Heads, The Chinese Room
Os comentários estão fechados.